domingo, 4 de julho de 2021

Transposição do Rio São Francisco beneficia região de Apodi

Ordem de serviço para as obras do Ramal do Apodi foi assinada no dia 24 de junho, com prazo de conclusão de 4 anos. investimento é de R$ 938,5 milhões

Além de garantir segurança hídrica para o Médio e Alto Oeste, as águas da Transposição do Rio São Francisco que serão trazidas ao Rio Grande do Norte por meio do Ramal do Apodi, deverão ampliar as áreas irrigadas para a agricultura na região e fomentar outras, atividades, como a pecuária e instalação de indústrias. Na Chapada do Apodi, por exemplo, a estimativa da Secretaria de Agricultura, da Pecuária e da Pesca do RN (SAPE), é de que, com a conclusão do Ramal, as áreas para agricultura irrigada dobrem ou até mesmo tripliquem, passando dos atuais 5 mil hectares para 10 ou 15 mil hectares.

Os impactos diretos serão observados nos quatro municípios que integram a microrregião: Apodi, Caraúbas, Felipe Guerra e Governador Dix-Sept Rosado. Atualmente, segundo a SAPE, a região produz aproximadamente 300 mil toneladas, ao ano, de frutas e verduras. As principais culturas são melão, melancia e abóbora. O plantio de uvas também já acontece na área, que conta, ainda, com a presença de pequenos agricultores, cujo cultivo de milho e produção de reação animal são alguns dos destaques.

“Essa região, a exemplo de outras no estado, se tornou um grande celeiro para a fruticultura. Ela é uma das últimas fronteiras a ser explorada, principalmente em decorrência da grande seca que a gente atravessou de 2011 a 2018. Em alguns municípios como Mossoró e Baráuna, principalmente, houve problema de falta de agua nos poços e parte das empresas para Apodi e Felipe Guerra”, afirma o secretário de Agricultura, pecuária e Pesca do RN, Guilherme Saldanha.

Graças à migração, conforme explica o secretário, as empresas da região utilizam água de poços perfurados junto à formação geológica do Arenito Açu. A chegada do Ramal do Apodi, segundo informa Saldanha, deve garantir segurança hídrica para que novas empresas se instalem na área. “Essa segurança que a gente tanto necessita será alcançada com o Ramal. A transposição garantirá isso e permitirá novos investimentos, gerando mais emprego, renda e desenvolvimento para o Estado”, destaca.

A ampliação do plantio irrigado na Chapada do Apodi é contemplada também pelo plano de retomada da economia, lançado pelo Governo do Estado em 202 e que quer expandir em até 20 mil hectares as áreas para irrigação em todo o RN nos próximos anos. A expectativa é criar 40 mil empregos diretos, incluindo os postos de trabalho a serem gerados na Chapada do Apodi, com a conclusão do Ramal.

Ordem

A ordem de serviço para as obras do ramal do Apodi foi assinada no último dia 24 de junho, durante passagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pelo Estado. Os investimentos federais para a execução do projeto somam R$ 938,5 milhões. O Ramal deve ser concluído em quatro anos, segundo informou o secretário de Meio Ambiente e recursos Hídricos do RN, João Maria Cavalcanti. De acordo com ele, as obras da Bacia Apodi-Mossoró, a exemplo de toda a Transposição, significam desenvolvimento social e econômico para os municípios beneficiados.

“O Ramal representa a redenção hídrica da população do Médio e Alto Oeste, incluindo Mossoró, que é uma grande cidade e que poderia ter problemas de abastecimento no futuro se não integrasse o projeto. E do ponto de vista econômico, destaco a Chapada do Apodi, uma área que pode desenvolver grandes projetos de agricultura, porque a região tem terrenos muito férteis”, frisou.

O Ramal do Apodi vai levar as águas do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco a 32 municípios do RN, beneficiando 478 mil pessoas. A água será transportada a partir da estrutura de controle do Reservatório Caiçara, na Paraíba. Além dos municípios potiguares, cidades do Ceará (9) e do Estado paraibano (13) também serão beneficiadas.

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), toda a infraestrutura contará com três áreas de controle, 23 trechos de canais, com extensão de 96,7 quilômetros, sete aquedutos e um túnel. A vazão será de 40 metros cúbicos por segundo até o quilômetro 26, de onde deriva o Ramal do Salgado, que levará as águas para o Ceará em uma intervenção futura. Após essa derivação, a vazão será de 20 metros cúbicos por segundo. Esse volume (20 m³) é o limite máximo que será explorado no Rio Grande do Norte.

O presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Apodi-Mossoró, Rodrigo Guimarães, explica que cada reservatório poderá receber um volume diferente, a depender da necessidade dos usuários, mas nunca superiores a 20 m³. “As águas do São Francisco terão finalidades específicas, com uma taxa a ser cobrada por metro cúbico. Por exemplo: num caso de seca, o Governo do estado poderá requerer um volume para abastecer os municípios da região. Então, não é uma água com fluxo permanente. Ela será liberada a partir de um planejamento, que pode ser do Governo ou de outro usuário com interesse nesse recurso”, explica Guimarães.

O secretário de Meio Ambiente e recursos Hídricos do RN, João Maria Cavalcanti, esclarece como deve ser feita a logística para a distribuição do volume de água aos mananciais, de acordo com a necessidade de cada usurário. “Suponhamos que o Rio Grande do Norte fez uma solicitação para encher um reservatório de médio porte, cujo volume necessário corresponde a algo em torno de 100 milhões de metros cúbicos de água. Esse quantitativo será transposto aos poucos, porque não será permitido ultrapassar os 20 metros cúbicos por segundo. Nesse caso, o Governo do Estado pode solicitar a retirada dos 100 milhões [de metros cúbicos] em um ano”, exemplifica.

Crédito: Adriano Abreu

Por Felipe Salustino – repórter

Tribuna do Norte


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