Além
de garantir segurança hídrica para o Médio e Alto Oeste, as águas da
Transposição do Rio São Francisco que serão trazidas ao Rio Grande do Norte por
meio do Ramal do Apodi, deverão ampliar as áreas irrigadas para a agricultura
na região e fomentar outras, atividades, como a pecuária e instalação de indústrias.
Na Chapada do Apodi, por exemplo, a estimativa da Secretaria de Agricultura, da
Pecuária e da Pesca do RN (SAPE), é de que, com a conclusão do Ramal, as áreas
para agricultura irrigada dobrem ou até mesmo tripliquem, passando dos atuais 5
mil hectares para 10 ou 15 mil hectares.
Os
impactos diretos serão observados nos quatro municípios que integram a microrregião:
Apodi, Caraúbas, Felipe Guerra e Governador Dix-Sept Rosado. Atualmente,
segundo a SAPE, a região produz aproximadamente 300 mil toneladas, ao ano, de
frutas e verduras. As principais culturas são melão, melancia e abóbora. O plantio
de uvas também já acontece na área, que conta, ainda, com a presença de
pequenos agricultores, cujo cultivo de milho e produção de reação animal são alguns
dos destaques.
“Essa
região, a exemplo de outras no estado, se tornou um grande celeiro para a fruticultura.
Ela é uma das últimas fronteiras a ser explorada, principalmente em decorrência
da grande seca que a gente atravessou de 2011 a 2018. Em alguns municípios como
Mossoró e Baráuna, principalmente, houve problema de falta de agua nos poços e
parte das empresas para Apodi e Felipe Guerra”, afirma o secretário de
Agricultura, pecuária e Pesca do RN, Guilherme Saldanha.
Graças
à migração, conforme explica o secretário, as empresas da região utilizam água
de poços perfurados junto à formação geológica do Arenito Açu. A chegada do
Ramal do Apodi, segundo informa Saldanha, deve garantir segurança hídrica para
que novas empresas se instalem na área. “Essa segurança que a gente tanto
necessita será alcançada com o Ramal. A transposição garantirá isso e permitirá
novos investimentos, gerando mais emprego, renda e desenvolvimento para o
Estado”, destaca.
A
ampliação do plantio irrigado na Chapada do Apodi é contemplada também pelo
plano de retomada da economia, lançado pelo Governo do Estado em 202 e que quer
expandir em até 20 mil hectares as áreas para irrigação em todo o RN nos
próximos anos. A expectativa é criar 40 mil empregos diretos, incluindo os
postos de trabalho a serem gerados na Chapada do Apodi, com a conclusão do
Ramal.
Ordem
A
ordem de serviço para as obras do ramal do Apodi foi assinada no último dia 24
de junho, durante passagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pelo Estado.
Os investimentos federais para a execução do projeto somam R$ 938,5 milhões. O Ramal
deve ser concluído em quatro anos, segundo informou o secretário de Meio
Ambiente e recursos Hídricos do RN, João Maria Cavalcanti. De acordo com ele,
as obras da Bacia Apodi-Mossoró, a exemplo de toda a Transposição, significam
desenvolvimento social e econômico para os municípios beneficiados.
“O
Ramal representa a redenção hídrica da população do Médio e Alto Oeste, incluindo
Mossoró, que é uma grande cidade e que poderia ter problemas de abastecimento
no futuro se não integrasse o projeto. E do ponto de vista econômico, destaco a
Chapada do Apodi, uma área que pode desenvolver grandes projetos de
agricultura, porque a região tem terrenos muito férteis”, frisou.
O
Ramal do Apodi vai levar as águas do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio
São Francisco a 32 municípios do RN, beneficiando 478 mil pessoas. A água será
transportada a partir da estrutura de controle do Reservatório Caiçara, na
Paraíba. Além dos municípios potiguares, cidades do Ceará (9) e do Estado
paraibano (13) também serão beneficiadas.
De
acordo com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), toda a
infraestrutura contará com três áreas de controle, 23 trechos de canais, com
extensão de 96,7 quilômetros, sete aquedutos e um túnel. A vazão será de 40
metros cúbicos por segundo até o quilômetro 26, de onde deriva o Ramal do
Salgado, que levará as águas para o Ceará em uma intervenção futura. Após essa
derivação, a vazão será de 20 metros cúbicos por segundo. Esse volume (20 m³) é o limite máximo que será explorado no Rio Grande do
Norte.
O
presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Apodi-Mossoró, Rodrigo Guimarães,
explica que cada reservatório poderá receber um volume diferente, a depender da
necessidade dos usuários, mas nunca superiores a 20 m³.
“As águas do São Francisco terão finalidades específicas, com uma taxa a
ser cobrada por metro cúbico. Por exemplo: num caso de seca, o Governo do
estado poderá requerer um volume para abastecer os municípios da região. Então,
não é uma água com fluxo permanente. Ela será liberada a partir de um
planejamento, que pode ser do Governo ou de outro usuário com interesse nesse
recurso”, explica Guimarães.
O
secretário de Meio Ambiente e recursos Hídricos do RN, João Maria Cavalcanti,
esclarece como deve ser feita a logística para a distribuição do volume de água
aos mananciais, de acordo com a necessidade de cada usurário. “Suponhamos que o
Rio Grande do Norte fez uma solicitação para encher um reservatório de médio
porte, cujo volume necessário corresponde a algo em torno de 100 milhões de
metros cúbicos de água. Esse quantitativo será transposto aos poucos, porque
não será permitido ultrapassar os 20 metros cúbicos por segundo. Nesse caso, o
Governo do Estado pode solicitar a retirada dos 100 milhões [de metros cúbicos]
em um ano”, exemplifica.
Crédito:
Adriano Abreu
Por
Felipe Salustino – repórter

Nenhum comentário:
Postar um comentário