Com a aparência de bolinhas
amarelas, o pulgão da cana-de-açúcar tem preocupado produtores rurais de sorgo
no Rio Grande do Norte. A praga era encontrada comumente em lavouras de sorgo
no Sul, Sudeste e no estado de Goiás e nas últimas semanas foram detectados
fortes ataques em algumas cidades do interior do RN.
“Na região Nordeste, essa praga
encontrou todas as condições favoráveis para sua reprodução, do ponto de vista
climático sobretudo na questão da temperatura e umidade. Fomos surpreendidos
com os relatos da atuação rápida do pulgão em diversas lavouras de sorgo do
estado”, disse o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande
do Norte (EMPARN) e Embrapa, Marcone Mendonça, Doutor em Entomologia
(especialista nos estudos com insetos), que lidera uma equipe de pesquisa no
estado.
Após tomar conhecimento da presença
da praga no estado, a EMPARN iniciou as primeiras pesquisas para buscar
orientar o homem do campo potiguar sobre os cuidados para evitar maiores
prejuízos nas plantações. Até então, a lagarta-do-cartuxo (Spodoptera
frugiperda) era a praga comum combatida na cultura o sorgo no RN.
O entomologista alerta que com a
chegada do pulgão é necessária uma mudança imediata na conduta do manejo junto
a cultura do sorgo. Marcone explica que o inseto ataca, preferencialmente, as
folhas do ‘baixeiro’, ou seja da metade da planta para baixo, sem excluir a
ocorrência de ataques na parte superior.
Além do dano direto, causado pela
sucção da seiva- que provoca a morte da planta- o pulgão é um vetor capaz de
transmitir algumas viroses. “A mancha vermelha provavelmente é uma virose
transmitida pelo pulgão. Dependendo do nível de infestação, o pulgão pode
provocar até perda total da plantação de sorgo”, destacou Marcone.
A recomendação da EMPARN aos
produtores é que seja feito um monitoramento periódico na plantação do sorgo,
andando pela lavoura e observando atentamente as plantas como um todo a partir
de 15 dias do nascimento delas. Depois, seguir o monitoramento pelo menos um
dia na semana. “Os primeiros sintomas de ataque são mostrados na alteração na
cor das folhas que começam a ficar gradualmente avermelhadas”, explicou
Mendonça.
O pesquisador explica ainda que nas
plantações com maior índice de infestação, o ataque do pulgão pode ser
percebido, além do avermelhado das folhas, com o aumento das folhas secas na
parte de baixa da planta e com a presença de uma cobertura brilhosa na folha,
conhecida como ‘mela’. “Os pulgões soltam uma seiva açucarada conhecido como
‘mela’ - uma substância açucarada que se fixa na extensão da folha- que atrai
além de insetos, atrai um fungo que provoca uma doença chamada fumagina que
prejudica a fotossíntese, logo causa danos na produção da planta”, disse.
Manejo do pulgão
Associado a periódico monitoramento,
os primeiros experimentos da pesquisa, atualmente em andamento na sede da
EMPARN (Parnamirim/RN), vem confirmando resultados animadores com a
pulverização de óleos na plantação de sorgo.
Os pesquisadores estão fazendo
testes pulverizando nas plantas as seguintes opções: óleo de algodão na
concentração de 3%, misturado com 2% de detergente neutro; 3% de óleo vegetal e
3% de óleo mineral, todos de uso agrícola. “As primeiras 24h de observação após
a aplicação do óleo, verificamos uma boa resposta na mortandade da praga.
Importante fazer a pulverização especialmente na superfície inferior da folha,
local onde a infestação se inicia”, avaliou Marcone.
Outro ponto alertado pelo
entomologista, é a observância da presença de outros insetos como joaninha, tesourinha,
sirfídeos e crisopídeos que são inimigos naturais do pulgão e contribuem para o
controle biológico da praga na plantação. “A utilização de produtos naturais e
sustentáveis são a melhor opção para garantir o controle biológico além de
preservar a saúde do meio ambiente e do produtor”, enfatizou o pesquisador.
Em breve a EMPARN irá disponibilizar um vídeo educativo com diversas informações sobre manejo da praga como identificar o inseto, os níveis de infestação, além das dicas de controle para minimizar as perdas.

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