Sem atividade econômica, comércio parado, lojas fechadas
e abandonadas, a sensação da rotina do nosso cotidiano é a de que estamos a
passos largos em direção ao fundo do poço. Ninguém trabalha. Quando se cruzam
os braços, o pão escasseia à mesa. Em casa onde falta o pão, todos brigam,
ninguém tem razão, ouvi muito esse provérbio português da boca da minha mãe aqui
mesmo em Apodi.
Mas nunca parei para refletir sobre sua extensão, que é
muito mais ampla do que se possa imaginar. É fato que o provérbio remete a um
desentendimento doméstico, mas nesta crise se aplica aos momentos de horror que
vivemos. A saúde pública é fundamental. Salvar vidas, imprescindível. Quando se
está em jogo a vida de todos nós, isso nos alivia, abre o horizonte da aposta
na esperança.
A esperança de que vidas salvas, a economia se recupere
mais à frente. O que nos leva também a uma outra reflexão é quanto ao timing
disso tudo que nos assusta, dá pânico, tudo provocado pela depressão do
isolamento. Isolar agora, para amanhã colher desse isolamento o proveito de uma
vida mais próspera e melhor aproveitada diante de uma economia mundial
plenamente recuperada.
Mas que a alma de todos nós está dolorida, não há dúvida.
E quanto mais o tempo se encarrega em pintar o cenário do futuro assombroso, de
cenas de medo e horror, mas vai se encarregando de mostrar que tudo pode ser
pior do que se possa imaginar do ponto de vista do empobrecimento da população.
A caminho do fundo do poço, em apenas um dia, 22 milhões
de brasileiros se cadastraram para ter direito a uma ajuda de R$ 600 individual
e R$ 1,2 mil para família. O que impressiona é que essa grande maioria vive aos
deus dará. Do total, quase a metade não tem conta corrente. O Brasil, na crise
da pandemia do coronavírus está redesenhando esse quadro, com um fosso social
mais agudo do que muitos especialistas em economia e catástrofes estão prevendo
com declarações estarrecedoras na mídia. Adaptado de Magno Martins.
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