Mudança de auxiliar numa gestão, seja federal, estadual
ou municipal, faz parte de qualquer projeto de ajuste de Governo. Quantos
ministros da Economia foram mudados neste País em governos passados, na
tentativa de ser encontrado o rumo do desenvolvimento? Perdi as contas. Há
mexidas, entretanto, que são provocadas ao longo do curso da administração
pública.
A de Luiz Henrique Mandetta, afastado ontem da pasta de
Saúde, se insere nessa situação. Bom médico e técnico, em nenhum momento rezou
pela cartilha do presidente. À frente da pandemia do coronavírus, o que se
esperava dele era plena sintonia com o chefe. Mas, não. Mandetta passou o tempo
todo cavando a sua própria sepultura, desafiando o presidente, tentando mostrar
ao País que tinha autonomia quando, na verdade, nunca teve.
Em alguns momentos, o ex-ministro foi aplaudido pelo povo
brasileiro ao defender o controle absoluto do isolamento social, posição que
provocou todos os seus atritos com o presidente. A medida é salutar e muitos
países estão adotando para se livrar de uma tragédia maior com a dizimação de
muitas vidas pelo vírus do fim do mundo. Europa e Estados Unidos agem assim, o
Brasil não poderia ser diferente.
O presidente, porém, se mostra, ao longo de toda a crise
do coronavírus, com posição inflexível em defesa do isolamento vertical, que
obriga a quarentena para idosos e doentes crônicos, liberando os mais jovens
para o trabalho. Mandetta sabia da posição do presidente desde o início, cedeu
logo após sofrer um carão público do chefe, mas depois retomou o mesmo
discurso, não se alinhando ao Planalto.
Ora, isso é pedir para sair. Se tivesse bom senso e
amplitude em suas ações, Mandetta poderia ter entregado o cargo sem provocar
polêmica. Alegaria não concordar com as recomendações do comandante e deixaria
o cargo sem comprometer o plano de combate à pandemia. Mas preferiu os
holofotes e sair como vítima, o que, infelizmente, conseguiu.
Em “O Príncipe”, obra prima do pensador italiano Nicolau
Maquiavel, que se notabilizou em dar conselhos a governantes como deveriam agir
e quais as virtudes deveriam ter, a fim de se manter no poder e aumentar suas
conquistas, há uma frase que se encaixa muito bem a personalidade de Bolsonaro,
que Mandetta não identificou por desconhecer o maquiavelismo: “Um príncipe
tido como cruel é mais piedoso do que os que por muita clemência deixam
acontecer desordens”. Por Magno Martins
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