Em fase balança, mas não cai, o ministro da Economia,
Paulo Guedes, saiu aparentemente fortalecido, ontem, com as declarações do
presidente Bolsonaro, de que a política econômica do seu Governo passou e
sempre passará por ele. A reafirmação pública do chefe da Nação se deu logo
após uma reunião em Palácio na qual foi novamente discutido um novo plano,
agora de salvação nacional em razão da pandemia do coronavírus, no qual
inicialmente sequer foi ouvido nem recebeu delegação para coordenar.
Antes da crise gerada pela saída do ministro da Justiça,
Sérgio Moro, Guedes ficou chupando o dedo em seu gabinete, enquanto no Palácio
da Alvorada o presidente ouvia as sugestões do chamado Plano Marshall por parte
de diversos auxiliares, entre eles o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes
de Freitas, a quem Bolsonaro deu carta branca para tocar o programa, voltado
para obras com perfis de geração de emprego e renda.
É inconcebível que um ministro, autor de todas as
diretrizes econômicas postas em práticas pelo Governo, seja alijado da
discussão de um plano para tirar o País do fundo do poço. No entorno de
Bolsonaro, agora em lua de mel com o Centrão, há demandas para destravar o uso
do dinheiro Tesouro enquanto o Governo busca apoio no Congresso. O programa que
Guedes não foi a figura central na sua concepção prevê o uso de recursos
públicos para obras em infraestrutura.
Caso o plano vá adiante, a avaliação é que a agenda de
Guedes poderia ser atacada a o ponto de inviabilizar sua permanência no cargo.
Apesar de no discurso o Governo defender a importância de regras fiscais como
teto de gastos, a avaliação é que, na prática, o Planalto pode abrir os cofres
para assegurar 171 votos via Centrão para evitar um processo de impeachment.
Apesar do “fogo amigo” dentro do governo contra o
ministro da Economia, o presidente deixou claro que não repetiria com Guedes o
que houve com os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Sergio Moro
(Justiça e Segurança Pública). Mesmo porque, em relação a esses dois
ex-ministros, o próprio Bolsonaro já não os queria na equipe. Não é o caso de
Paulo Guedes.
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