sexta-feira, 13 de março de 2020

O buraco é mais embaixo

Os estragos da decretação do estado de pandemia do coronavírus, pela Organização Mundial de Saúde, força o Governo brasileiro tomar medidas urgentes de caráter preventivo para evitar o pior para a população. Em duas semanas, segundo previsões de estudiosos, cerca de 500 casos podem ser confirmados no País ante os 77 já oficialmente identificados até ontem, segundo o Ministério da Saúde.

Isso implica, naturalmente, numa conjugação de esforços políticos. O presidente Bolsonaro terá que promover, imediatamente, um plano de contingência em conjunto com os 26 Estados da Federação e o Distrito Federal. Isso diante da triste realidade de que as periferias dos grandes centros urbanos têm maior potencial de ajuntamento de pessoas. Uma das recomendações preventivas é evitar justamente aglomerados humanos.

Uma ação coletiva é imprescindível para Estados angustiados e apreensivos com o alastramento de um vírus que se apresenta devastador com viés ainda desconhecido, sem que o Governo tenha tomado medidas eficazes e duradouras para evitar o pior para a sociedade brasileira. Os Estados Unidos e os países da Europa saíram na frente na tomada de medidas, como o fechamento de aeroportos para voos oriundos da Europa.

No caso do Brasil, do ponto de vista político, preocupa o distanciamento do presidente com os Estados, especialmente os que não adotam a sua cartilha política, como os do Nordeste. Sem exceção, os nove chefes de Estado da região são de oposição e por isso mesmo o Governo tem dificuldades de operações em conjunto imprescindíveis, como ocorreu no Ceará na greve dos policiais militares durante o Carnaval.

Ao invés de convocar os governadores, o presidente prefere subestimar a ameaça real de epidemia do coronavírus no País. Durante discurso em um evento em Miami, nos Estados Unidos, afirmou que a “questão do coronavírus” não é “isso tudo” e se trata muito mais de uma “fantasia” propagada pela mídia no mundo todo. A prática está mostrando ao presidente que o buraco é muito mais embaixo.

Por Magno Martins



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