Os estragos da decretação do estado de pandemia do
coronavírus, pela Organização Mundial de Saúde, força o Governo brasileiro
tomar medidas urgentes de caráter preventivo para evitar o pior para a
população. Em duas semanas, segundo previsões de estudiosos, cerca de 500 casos
podem ser confirmados no País ante os 77 já oficialmente identificados até
ontem, segundo o Ministério da Saúde.
Isso implica, naturalmente, numa conjugação de esforços
políticos. O presidente Bolsonaro terá que promover, imediatamente, um plano de
contingência em conjunto com os 26 Estados da Federação e o Distrito Federal.
Isso diante da triste realidade de que as periferias dos grandes centros
urbanos têm maior potencial de ajuntamento de pessoas. Uma das recomendações
preventivas é evitar justamente aglomerados humanos.
Uma ação coletiva é imprescindível para Estados
angustiados e apreensivos com o alastramento de um vírus que se apresenta
devastador com viés ainda desconhecido, sem que o Governo tenha tomado medidas
eficazes e duradouras para evitar o pior para a sociedade brasileira. Os
Estados Unidos e os países da Europa saíram na frente na tomada de medidas,
como o fechamento de aeroportos para voos oriundos da Europa.
No caso do Brasil, do ponto de vista político, preocupa o
distanciamento do presidente com os Estados, especialmente os que não adotam a
sua cartilha política, como os do Nordeste. Sem exceção, os nove chefes de
Estado da região são de oposição e por isso mesmo o Governo tem dificuldades de
operações em conjunto imprescindíveis, como ocorreu no Ceará na greve dos
policiais militares durante o Carnaval.
Ao invés de convocar os governadores, o presidente
prefere subestimar a ameaça real de epidemia do coronavírus no País. Durante
discurso em um evento em Miami, nos Estados Unidos, afirmou que a “questão do coronavírus” não é
“isso tudo” e se trata muito mais de uma “fantasia” propagada pela mídia no
mundo todo. A prática está mostrando ao presidente que o buraco é muito mais
embaixo.
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