Por Revista Forum
O biólogo Atila
Iamarino voltou a defender a necessidade de isolamento para evitar o impacto do
coronavírus no Brasil. Em entrevista hoje no Roda Vida, da TV Cultura, o
especialista em vírus elogiou as medidas tomadas pelos governadores estaduais
e, questionado, criticou a postura de Jair Bolsonaro, que tem minimizado a
gravidade da pandemia.
“A gente depende
de que ações estão sendo tomadas. O Estados todos pararam a circulação,
colocaram as pessoas em quarentena, restringiram comércio. Eu sinto que a gente
está em um momento em que a casa está pegando fogo, a gente quer tirar todo
mundo de casa para não perder ninguém e não importa quem acendeu o fogo, se o
bombeiro é de direita ou de esquerda. Estão tomando ações para fazer isso? Está
ótimo. Se estiver atrapalhando o que os Estados estão fazendo, está
atrapalhando o que o mundo inteiro está fazendo. Se os Estados estiverem agindo
independente, se torna irrelevante”, afirmou o biólogo.
Segundo Iamarino,
a atitude de Bolsonaro de trabalhar contra o isolamento e minimizar a gravidade
da Covid-19 “vai contra tudo que todos os líderes mundiais estão fazendo”. “Eu
só conheço um que diz que Covid não é nada e não está tomando ações contra que
é a Bielorrússia. Lá a recomendação é sauna três vezes por semana e lavar a mão
com vodka. Não, não resolve.”
Doutor em
microbiologia pela USP, com pós-doutorado em Yale, o biólogo tem chamado
atenção nas redes sociais com conteúdos técnicos e embasados sobre o
coronavírus. Uma de suas publicações mais comentadas foi a previsão de que R$ 1
milhão de brasileiros podem morrer sem medidas de isolamento e encerramento das
atividades, semelhante ao projetado pelo estudo do Imerial College de Londres,
que utiliza o mesmo modelo.
“A situação na
China é Wuhan. Na Itália, é a Lomabardia. Aqui no Brasil nós temos o potencial
de cada cidade virar uma Lombardia ou uma Wuhan da vida, se não for monitorado.
Mesmo em um único Estado, como São Paulo, existem muitas metrópoles que podem
passar por um problema parecido”, alertou Iamarino, durante a entrevista.
O especialista ressaltou a necessidade de se fazer mais testes e o
rastreio das pessoas. Questionado sobre se o clima mais quente reduz a
propagação, ele explicou que é uma possibilidade, mas não é algo que está
completamente comprovado e os
planos de ação dos governos não devem trabalhar contando com a sorte.
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