Djaíne Moura é natural da cidade de Apodi, no Estado do
Rio Grande do Norte. Mulher esguia, de feições fortes, fala mansa e postura
firme, ela recebeu nossa reportagem com o orgulho que não cabia em si. Pois ali
estava formada a primeira mulher interventora avançada do sistema prisional do
Ceará.
Agente do sistema prisional cearense há 7 anos, ela vibra
com sua vocação em servir e proteger. Ainda menina, ela já achava admirável o
trabalho das pessoas que fazem o serviço da segurança pública. “Foi algo
natural. Não tenho nenhum familiar que atue nas forças de segurança. Não tive
inspiração próxima. Assim como existem os artistas e suas vocações, eu nasci
pra ser uma agente que serve e protege a sociedade”, assegura.
A vocação ganhou forma e tornou-se um objetivo de vida.
Após anos de dedicação e estudo, em 2011, veio a oportunidade de realizar um
concurso para ser agente penitenciária no Estado vizinho. Djaíne logrou êxito e
carregou consigo a mudança de lugar e profissão. Mesmo com a distância e a
saudade, ela recebeu apoio incondicional dos familiares, pois ali estava a
primeira pessoa da família a integrar a área de segurança. “Acho muito honroso
vestir essa farda, por isso almejava tanto integrar a segurança, só não sabia
que seria no sistema penitenciário. Hoje estou aqui. Honrada, realizada e
feliz. O apoio da família foi fundamental nesse processo”, narrou.
Djaíne não entrou para ser apenas “mais uma”. Além do
talento, o esforço e busca para ser uma agente de destaque sempre esteve com
ela. E assim foi atrás de mais qualificação. No ano de 2018 foi até Brasília e
conseguiu aprovação no Curso de Intervenção Rápida em Recinto Carcerário
(CIRRC), até então uma qualificação que não tinha chegado ao Ceará.
Desafiada por dias, ao lado dos seus companheiros, Djaíne
conseguiu sobressair-se e ser um dos grandes destaques do Curso. Porém, ela
queria mais. Foi então que o Ceará abriu, em 2019, após realizar dois cursos de
intervenção rápida em recinto carcerário (CIRRC), o primeiro Curso Avançado de
Intervenção Rápida em Recinto Carcerário (CAIRRC).
Diferente do CIRRC, a qualificação avançada teve duração
de 30 dias e promoveu os concludentes a serem instrutores com noções
importantes de gestão penitenciária. Djaíne é a única mulher no Ceará a ter
essa qualificação. Um marco para as agentes penitenciárias do Estado. “O Curso
Avançado de Intervenção Rápida em Recinto Carcerário tem como objetivo formar
multiplicadores da doutrina idealizada e implementada pelo Secretário Mauro
Albuquerque. O diferencial desta edição do curso foi que os formandos também
concluíram como instrutores de armamento e tiro. Foi uma grande conquista
profissional”, afirma.
Hoje ela faz parte do Grupo de Ações Penitenciárias (GAP)
e apoia o Curso de Aperfeiçoamento em Armamento em Tiro (CAAT). A instrução
sempre foi uma área que Djaíne buscou dentro da profissão. Ela comemora que o
objetivo traçado veio até antes que ela imaginava. “A instrução é uma área que
gosto e, em 2018, já havia estabelecido como meu objetivo profissional. Graças
a Deus veio mais cedo. Sou feliz no que faço, mas acredito as pessoas não devem
se acomodar. É essa busca que nos move, que nos torna melhores nas relações e
no trabalho, por isso não descarto nenhuma possibilidade”, relata.
Sobre a possível dificuldade em ser mulher e se essa
condição aumentou o desafio, ela foi enfática. “Fui acolhida com igualdade e
respeito pelos meus irmãos de curso e pelos instrutores. Mantenho minha postura
e executo minhas técnicas e ensinamentos sem qualquer tipo de freio social,
pois aqui somos ensinados a sermos iguais e assim seremos. Nossa missão de
proteger a sociedade é a mesma. Espero que essa luta sirva de inspiração para
as outras colegas de farda”, idealiza.
Fonte: SAP/GOV.CE
Nenhum comentário:
Postar um comentário