As condições para
voltar a crescer com solidez em 2020 dependem de reformas como a tributária e a
administrativa. Somadas à da previdência serão o cartão de visitas para atrair
empreendedores dispostos a investir no Brasil
Por Mateus Bandeira
Cabe aos
brasileiros dispostos a tirar o Brasil do atraso trabalhar para que não nos
desviemos do rumo fincado na última eleição: melhorar a política, modernizar as
relações econômicas e conquistar o desenvolvimento social.
Apesar do tímido
crescimento econômico estimado, 2019 foi um ano de avanços. Resolvemos, em boa
medida, a sangria fiscal da previdência, privilegiando o equilíbrio das contas
públicas. A inflação está controlada, os juros no patamar mais baixo da
história, o emprego em alta.
Hoje, pode-se ter
a falsa impressão de que nada mudou, já que por algum tempo ainda vamos
conviver com déficits. Basta, no entanto, um exercício de reflexão para
imaginar como estaríamos sem a reforma encaminhada pelo presidente Bolsonaro e
o ministro Paulo Guedes.
Sem ela
estaríamos condenados a quatro anos de estagnação. Dificilmente algum
investidor de peso aportaria seu capital no Brasil.
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Ministro da Economia, Paulo Guedes – Foto: Orlando Brito |
Este avanço,
porém, já é coisa do passado. O momento é de aproveitar o embalo, içar as velas
e acelerar o barco.
Para isto, é
indispensável que, mesmo aqueles que têm alguma discordância com o atual
governo, colaborem para prosseguirmos arrumando a casa. Não falo daquela turma
que planeja a volta ao passado do Estado gigante e intervencionista.
Refiro-me à
maioria dos brasileiros. Aos que querem um Brasil moderno, tecnológico,
bem-educado e, principalmente, onde todos tenham as mesmas oportunidades.
A estes, mesmo
que tenham óbices ao jeito com o qual o presidente conduz o Brasil, sugiro uma
reflexão desarmada. Neste momento, o que interessa é o Brasil.
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Brasileiros na rua pacificamente – Foto: Orlando Brito |
Afinal, os
mandatários passam. O que importa é que possam nos deixar um legado de
modernidade, como aquele que levou as nações do leste asiático a prosperarem.
Para isto, é
indispensável eleger as prioridades. Entre elas, certamente encontram-se as
reformas tributária e administrativa, além da conclusão do novo marco do
saneamento, tramitando no Senado.
Se findarmos 2020
com avanços nestas agendas poderemos, já no ano que corre, retomarmos
crescimento robusto do PIB. E, neste ponto, penso que ninguém discorda: sem
crescimento econômico não há como distribuir renda e progredir.
Foco nas prioridades
Simplificar o
sistema tributário mais complexo e confuso do mundo representará mais eficiência
para a economia e um alívio para os empreendedores.
Os que possuem
capital para investir aqui, inclusive no saneamento, esperam que o Brasil
continue melhorando o ambiente de negócios, com regulação justa, sem amarras,
com menos burocracia e, sobretudo, com livre concorrência, para voltar a
apostar no Brasil.
Simultaneamente,
é necessário mudar a cara arcaica do Estado brasileiro. Do jeito que está, se
nada for feito, caminharemos inercialmente para o estado que existe apenas para
sustentar a própria máquina.
Apesar da reforma
da previdência, ainda gastamos muito com salários e com custeio do Estado. Ora,
o Estado não é um fim em si mesmo. Ele existe para servir, não para ser
servido.
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A discussão da Previdência nas ruas – Foto: Orlando Brito |
De um lado, temos
o Judiciário mais caro do mundo. Do outro, é vergonhoso que o Brasil ainda
tenha cerca de 100 milhões de pessoas sem coleta de esgoto em casa e 35 milhões
de brasileiros sem acesso à água tratada.
Todas estas
reformas dependem do Congresso Nacional. Como este é ano eleitoral, o tempo
para votações será exíguo, mas suficiente, desde que as condições para aprovar
as reformas sejam dadas.
Primeiro, é
preciso foco do Governo Federal. O Executivo deve definir com clareza e
objetividade as prioridades.
Segundo, continua
indispensável aos eleitores manter a pressão sobre o Parlamento. O Legislativo
já mostrou que cede à pressão popular, o que é próprio da democracia.
Terceiro – e
esta, infelizmente, é a parte mais difícil -, necessário um mínimo de desapego
partidário e ideológico para pensarmos no que importa: o Brasil e o bem-estar
de todos.
* Mateus Bandeira foi CEO da Falconi, presidente
do Banrisul, secretário de Planejamento do RS e candidato ao governo gaúcho
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