segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Das lições que recebi pela estrada

Por Angelo Castelo Branco

A sociedade não faz restrições às empresas de comunicação quando as suas notícias  coincidem efetiva e comprovadamente com a realidade concreta e insofismável.

Nenhum jornal, rádio, TV ou rede social perderá conceito se estiver ao lado de “sua excelência o fato”.

O risco da credibilidade - que é o maior patrimônio de uma organização jornalística - surge num horizonte nebuloso quando as suas linhas editoriais passam a dar mais ênfase às narrativas ou versões e põem o fato em segundo plano.

Estamos vivendo um tempo de confronto entre um presidente magoado sob a alegação de vir sendo maltratado pela mídia desde a campanha eleitoral, e de outro lado uma rede de TV e alguns jornais que amargam a drástica redução de faturamento por causa do corte de propagandas e de patrocínios com o dinheiro do contribuinte brasileiro.

A súbita implosão nas relações comerciais entre o governo Bolsonaro e a mídia gera naturalmente muito desconforto. Sem papas na língua e afeito ao conflito como se o antagonismo explícito fosse o seu habitat natural, Bolsonaro reage ao que lhe parece inadequado e realimenta uma polêmica diária e exaustiva.

Ao presidente cabe governar e tratar prioritariamente dos temas que digam respeito aos avanços da economia, aos projetos estruturadores e às reformas modernizadores da nação. Itens estes que estão indo de vento em pôpa graças à boa performance da maioria dos ministros. Até agora o Brasil avança sem notícias de escândalos financeiros na máquina pública nem denúncias de roubos ou desfalques nos cofres públicos.

Cabe às bases congressuais do governo a tarefa de atuar na linha de frente  para contestar versões desfocadas e exibir fatos, tirando do presidente o protagonismo desconfortável do confronto com as narrativas polêmicas. Um chefe de nação não pode ser rude. Há que transmitir e multiplicar uma aura de segurança e serenidade.

Aos donos de jornais e de TV cabe a decisão de enfrentar os novos desafios em suas relações com o poder e o mercado, abraçando a opção editorial que melhor lhes pareça adequada à manutenção da credibilidade de seus veículos.

Cabe ao eleitor a percepção real do que está acontecendo ao seu redor. Se a economia melhora, não há narrativa de oposição que possa negar o fato concreto. O mesmo sentimento se repete se a estrada melhorar, se o emprego ressurgir, se as empresas produzirem, se o comércio vender, se a escola ensinar, se houver paz, se a gente puder passear nas ruas sem ser assaltada, se houver transportes eficientes, se a pobreza for atenuada.

E diante das urnas o povo fará o julgamento periódico e democrático sobre o que pensa e o que deseja. Simples assim.


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