A imponente imagem de Ulysses Guimarães. Foto Orlando
Brito
Um pouco de história.
1973. O Brasil vivia o nono ano de governos militares,
desde que, em 1964, o marechal Castello Branco subiu ao poder, depondo do
Palácio Planalto o presidente João Goulart. Depois de Castello, os generais
Costa e Silva e Garrastazú Médici ocuparam a presidência da República. Nesse
período os partidos políticos foram extintos e em seu lugar foi criada a ARENA
– Aliança Renovadora Nacional, que dava sustentação ao governo, e o MDB –
Movimento Democrático Brasileiro, que acolheu os segmentos de oposição.
O deputado por São Paulo Ulysses Guimarães, que apoiara a
chamada Revolução de 64, passou a discordar dos critérios democráticos da
conjuntura então vigente e tornou-se o líder da oposição no Congresso, ao lado
de outros nomes igualmente importantes. Sua palavra dava norte aos brasileiros
contrários ao golpe de 1964.
Durante o regime militar, os presidentes eram escolhidos
por via indireta, ou seja, pelo Colégio Eleitoral, sem participação popular. E
em 1973 era chegado o momento da substituição do general Médici. O escolhido
para sucedê-lo foi Ernesto Geisel, da arma de Artilharia do Exército. E para
opor-se ao general Geisel, Ulysses Guimarães lançou-se candidato. Com o
jornalista Barbosa Lima Sobrinho.
Em 23 de setembro daquele ano, o dia do lançamento da
chapa que ficou conhecida como “anti-candidatura”, Doutor Ulysses pronunciou na
tribuna da Câmara um discurso que entrou não somente para a história do Congresso,
mas do Brasil e da resistência ao regime militar. Inspirou-se num poema de
Fernando Pessoa, em que o escritor português diz:
– Navegar é preciso, viver não é preciso.
A citação cabia perfeitamente para o momento. O próprio
Ulysses explicou por que razão a escolhera:
– Simboliza a importância de um ideal, no caso a
perseverança em marcar posição contra uma situação indesejada, tornando esse
ideal até mais importante que a própria vida. Para relembrar, amigos, façamos
uma viagem a Roma Antiga. Isto foi o que disse o navegador Pompeu, ainda no
Século I, encorajando seus marinheiros, amedrontados no meio de uma tormenta.
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