Ministro da Economia Paulo Guedes |
Os governadores oposicionistas do Nordeste reuniram-se
ontem em São Luís (MA) e deram um tiro no discurso do governo de que apóiam a
reforma da Previdência da forma como foi enviada ao Congresso. De quebra,
rebateram aqueles que os acusam de fazer jogo duplo, atacando publicamente a
reforma mas apoiando a iniciativa no escurinho dos gabinetes do Ministério da
Economia. Antes que saíssem queimados, assinaram uma carta afirmando que
apoiam, sim, o debate da reforma, mas que são contrários às propostas que
prejudicam os mais pobres.
E quais são elas? Segundo a Carta dos Governadores, as
mudanças no BPC, na aposentadoria rural e a implantação do regime de
capitalização, que consideram “imprescindível” retirar da proposta. Segundo
eles, esse sistema é “socialmente injusto com os que tem menor capacidade
contributiva para fundos privados”. São contrários também à
“desconstitucionalização” das regras previdenciárias contida na PEC.
Governador Paulo Câmara |
Participaram da reunião os governadores do Nordeste – Rui
Costa (BA), Camilo Santana (CE), Paulo Câmara (PE), João Azevedo (PB), Fátima
Bezerra (RN), Wellington Dias (PI), Belivaldo Chagas (SE) e o vice de Alagoas,
Luciano Barbosa, além do anfitrião, Flávio Dino.
Com isso, botaram em xeque o discurso de Paulo Guedes de
que tem diálogo com a oposição e o do próprio presidente Jair Bolsonaro, que
disse, no café da manhã com jornalistas, que até no PT tinha gente apoiando a
reforma da Previdência.
Também deixaram Ciro Gomes em situação desconfortável com
seu discurso de oposição a favor.
Na avaliação de articuladores no Congresso, os deputados
do NE dificilmente seguiriam os governadores pressionando a favor da reforma
como um todo – mas, ao contrário, vão se alinhar com eles nos pontos frágeis
mencionados na carta, que prejudicam os mais pobres.
Já a parte da reforma relativa aos servidores, onde se
vai bater nos altos valores de aposentadorias e pensões, estabelecer idade
mínima, tempo maior de contribuição e aumentos das alíquotas de contribuição
tem boas perspectivas de sobrevivência. Nesses pontos, há enorme chance de até
o PT ajudar em peso na aprovação, caso o governo consiga apoio de parte
razoável de sua base.
Como saldo do movimento dos governadores, fica um cenário
muito propício à unificação da oposição em torno de um discurso forte em defesa
dos mais pobres e pela eliminação de privilégios.
Por Helena Chagas
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