Um dos maiores legados que a reforma da Previdência pode
deixar para Brasil do presente e do futuro é a revisão da aposentadoria
integral dos semideuses do serviço público. Vou tratar como “semideuses do
serviço público” aquelas pessoas que dedicam boa parte de suas vidas estudando
para passar em um concurso (olha o nome) público; para, depois do êxito, só
pensarem nelas mesmas. Essas mentes, muitas delas brilhantes, poderiam ser
direcionadas ao empreendedorismo na busca por soluções para os grandes problemas
do país, melhorando a vida do coletivo. No entanto, preferem o egoísmo do
próprio umbigo. E mais: acham que nós, os “mortais”, é que temos de bancar seus
luxos eternamente.
Superministro da Economia, Paulo Guedes tem sinalizado
que a reforma a ser proposta pelo novo governo vai abolir esses privilégios,
incluindo até os intocáveis militares, o que já está gerando uma grita dentro e
fora do Planalto. Guedes não é bobo. Com o movimento, traz para o seu lado a
maior parte da opinião pública. Mas, para além da esperteza, a equipe econômica
de Bolsonaro aparenta mesmo é estar usando do bom senso nessa questão. É pura
matemática. A conta, simplesmente, não fecha. Ter uma aposentadoria alta, sem
preocupações, é o desejo de todos nós, vale ressaltar. O que não dá para
aceitar é essa excrecência que se torno a aposentadoria integral no serviço
público.
Volto a dizer: ninguém aqui é contra se ganhar bem, desde
que a imensa maioria seja beneficiada. E não, apenas, uma casta de iluminados.
Uma estatal no Brasil – seja ela da esfera federal, estadual ou mesmo municipal
– serve mais aos seus funcionários do que ao povo, motivo de sua existência. É
supersalário, penduricalho disso, adicional daquilo; auxílio não sei das
quantas. E quando a estatal dá prejuízo, como tem um monte no Brasil, quem paga
a conta é o Tesouro, ou seja, eu e você que está lendo a coluna agora.
Em qualquer país que se preze, o lugar de se ganhar
dinheiro – se esse for o objetivo – é no setor privado, oferecendo produtos e
serviços diferenciados, resolutivos, sustentáveis. E não no serviço público,
cada dia mais inchado e sem entregar o mínimo que dele se espera. Alheios aos
mortais, os semideuses do serviço público estão lá no seu Olimpo, míopes, sem o
mínimo de empatia para com o próximo. Chegou a hora dessa turma levar um choque
de realidade. O Brasil de verdade está no fundo do poço; agonizando em um
corredor de hospital público. Não tolera mais sustentar marajá! Essa boquinha
vai acabar!
Privatizações
– A miopia dos semideuses do serviço público, que só
pensam em si, são corporativistas e arrogantes, é um dos principais argumentos
do supreministro da Economia, Paulo Guedes, na defesa da privatização de
estatais. Guedes está batendo de frente com os militares, estatistas por
natureza, que criaram a maioria das empresas que aí estão. O debate, nesse
caso, tem de ser amplo e sem hipocrisia. Eliminar gorduras é extremamente
necessário. Mas isso não pode ser usado como pretexto para o Estado brasileiro
transferir ao setor privado sua responsabilidade.
Por Arthur Cunha – especial para o blog do Magno
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