Josias de Souza
Sem alarde,
deputados e senadores tramam adicionar aos seus próprios contracheques o
reajuste salarial de 16,38% reivindicado pelo Supremo e pelo Ministério Público
Federal. Com isso, a remuneração dos congressistas também saltaria dos atuais
R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil.
A ideia é votar o
pacote no final do ano, depois das eleições de outubro, para entrar em vigor a
partir de 2019.
O tema, por
impopular, é discutido longe dos refletores. O blog conversou com dois
líderes partidários —um da Câmara, outro do Senado.
Só concordaram em
conversar, na noite desta sexta-feira, sob a condição do anonimato. Disseram que não há, por ora, uma decisão
categórica. Falta consenso. Mas reconheceram que não são negligenciáveis as
chances de aprovação dos reajustes.
Um dos líderes
atribuiu o surto sindical ao Supremo, que decidiu incluir em sua proposta de
Orçamento para 2019 o reajuste de 16,38%. Nessa versão, o Congresso não estaria
senão reagindo, para evitar que os parlamentares recebam salário inferior ao
dos ministros do Supremo, teto remuneratório do serviço público.
O outro líder
insinuou que, na verdade, caciques políticos e magistrados da Suprema Corte
discutem em segredo a pauta salarial há semanas.
Seja qual for a
hipótese verdadeira, a falta de transparência dará à eventual aprovação do
pacote salarial de fim de ano uma aparência de emboscada contra o eleitor.
Num instante em
que a principal ferramenta do Tesouro é a tesoura, a movimentação parece
inconsequente.
Considerando-se
que mais de 13 milhões de brasileiros estão no olho da rua, a
irresponsabilidade fiscal passa a ser o outro nome de escárnio.
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