Helena Chagas –Blog Os Divegentes
Está todo mundo
quietinho, parece que com medo de falar no assunto. O PT, porque sabe que só
tem a perder nesse debate, com a pressão da mídia e dos adversários. As forças
contrárias a Lula talvez estejam num processo de negação, como se, não falando
da possibilidade, ela não existisse. Mas, daqui a uma semana, a Segunda Turma
do STF, a mais garantista, vai julgar um novo habeas corpus do ex-presidente
Lula – preso há 70 dias – para aguardar em liberdade o julgamento de seus
últimos recursos.
Pela lógica baseada
no perfil da turma e na posição da maioria de seus integrantes, contrária à
obrigatoriedade de prisão após condenação em segunda instância, seria possível
prever a libertação de Lula. Afinal, com a exceção do relator Edson Fachin,
todos os demais ministros da segunda turma já se manifestaram mais ou menos a
favor das garantias do réu: Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e
até o decano Celso de Mello.
Para a teoria
virar prática, porém, ainda será preciso muita coisa – a principal delas, coragem.
Gilmar, por exemplo, tem sido pródigo em decisões garantistas que já libertaram
mais de vinte presos da Lava Jato. Mas a fama de tucano e arquinimigo do PT
pode atrapalhar. Poderá ser dele o voto decisivo para dar ou não a liberdade a
Lula, já que Lewandowski e Toffoli, por exemplo, não teriam dificuldade em
fazê-lo. Celso de Mello é uma incógnita.
A decisão de
soltar Lula a esta altura terá grande peso político. Ainda na liderança das
pesquisas, o ex-presidente poderá sair em campanha pelo país. Ainda que, lá
para agosto, venha a ser impedido de concorrer pelo TSE, terá oportunidade para
exercer enorme influência na campanha, potencializando, com sua simples
presença, sua capacidade de transferência de votos a outro nome petista. Pode
decidir a eleição.
Vão deixar?
É por isso que,
entre petistas, a torcida é grande, mas a cautela maior ainda.
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