Os dois abatedouros estaduais em funcionamento no Rio
Grande do Norte parecem não estar dando conta da demanda que os produtores rurais
necessitam. Para o secretário estadual da agricultura, pecuária e da pesca
(SAPE), Guilherme Saldanha, essa fato acaba permitindo que grande parte da
carne abatida no Estado ocorra em matadouros municipais, os quais muitos são
irregulares.
No RN, o Serviço de Inspeção Estadual (SIE), coordenado
pelo Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do RN (IDIARN), atua nos
rigores de abate de frango e manipulação de carne bovina e suína. Atualmente,
apenas dois abatedouros funcionam com esse serviço de inspeção estadual: um
localizado em São Paulo do Potengi e o outro em Parnamirim.
Tal situação acaba deixando grande parte do Estado com
uma falta de locais bem fiscalizados para receberem o abate, principalmente nas
regiões Oeste e Central. O que resta para os produtores é levarem seus gados à
abatedouros municipais, já que 85% dos municípios possuem.
Entretanto, Saldanha diz que uma grande parte desses
locais está interditada por irregularidades na legislação, abatendo animais
fora dos padrões firmados na legislação. “Alguns já estão interditados, seja
por agentes, o Ministério Público também está presente em quase todos os
municípios, mas há falha de fiscalização e uma falta da presença do Estado”. Mesmo que pouca parte dessa carne seja consumida
localmente, cerca de no máximo 10% ou 15%, ainda é comum a venda desses
alimentos em feiras.
“Você imagina que toda região Oeste, se você for na feira
de Mossoró ou Caicó, as carnes vendidas infelizmente será de animais abatidos
no chão, e a gente precisa ter essa preocupação, precisamos ter abatedouros
municipais e estaduais, devidamente fiscalizados, e que atendam os critérios”,
diz o secretário.
Tentando minimizar essa situação, ele diz que já é
previsto a construção de mais sete abatedouros estaduais até o final do ano: um
que já pretende ser inaugurando em Lages, para ovinos e caprinos; outro
concluindo em Ceará-mirim; obras em andamento em Baraúnas; Angicos, Pedro
Avelino, Santa Cruz e o último ainda sem definição.
O RN tem três laboratórios (na UFRN, UFERSA e no LACEN)
que podem fazer análise dos alimentos, porém Saldanha aponta que eles ainda não
usados da forma como deveriam ser.
“Não adianta que uma indústria tenha estrutura enorme, se
a qualidade não seja boa”, afirma sobre os próximos abatedouros a serem
construídos.
As obras que serão realizadas pela EMATERN e Secretaria
de Agricultura, com um convenio do Governo Federal, custarão, para os
abatedouro de 30 animais por dia, um valor de 600 a 700 mil reais; e para os de
100 animais, cerca de R$ 1 milhão.
Fonte: Blog da Carol Gurgel