'Varrendo a violência,
empregando a paz' funciona no CDP de Apodi, no RN. Fábrica custou R$ 1 mil; oito presos trabalham no local.
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Presos trabalham na produção de vassourasno CDP de Apodi e reduzem pena(Foto: Márcio Moraes) |
Ao invés do ócio, o trabalho. Ao invés do isolamento, o convívio com
outros presos. É dessa forma que o projeto 'Varrendo a violência, empregando a
paz' pretende ressocializar presos no Centro de Detenção Provisória de Apodi, na região Oeste do Rio
Grande do Norte. A unidade instalou uma fábrica de vassouras para os presos
trabalharem. Além da ocupação, os detentos ganham parte do dinheiro da venda
das vassouras e a remissão de um dia da pena para cada três dias trabalhados.
"Estou trabalhando, ajudo minha família e ainda reduzo minha pena.
É muito melhor do que passar o dia todo dentro de uma cela sem fazer
nada", diz Antônio Benildo de Oliveira, de 44 anos, preso por homicídio.
A instalação da fábrica custou R$ 700 e a compra do material para a
produção das vassouras mais R$ 300. Ao todo, oito presos trabalham no projeto:
seis do regime fechado produzem as vassouras com garrafas pet e outros dois
detentos do regime semiaberto vendem o produto nas ruas da cidade.
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Para cada três dias de trabalho,presos diminuem um dia da pena(Foto: Márcio Moraes) |
"Queremos ampliar o projeto, comprar outra máquina para que mais
presos possam trabalhar. O trabalho faz bem a eles, eles se sentem úteis. O
gasto que a gente teve é tão pequeno e o projeto tem um alcance tão com a
ressocialização desses presos", disse Márcio Moraes, diretor do CDP de
Apodi.
A unidade prisional tem capacidade para 80 detentos e atualmente tem 60
presos do regime fechado e 10 do semiaberto. "Não temos registro de
rebeliões e fugas aqui no CDP", diz Moraes.
Além da fábrica de vassouras, os presos da unidade trabalham em obras,
limpeza de escolas e hospitais, e na manutenção do próprio CDP. Foram eles que
construíram o centro cirúrgico da maternidade Claudina Pinto, principal unidade
de atendimento á saúde da mulher do município de Apodi.
Antônio Benildo de Oliveira foi um dos que atuou na obra da
maternidade. Ele já cumpriu 3 anos e 3 meses e tem mais de 300 dias de remissão
de pena por dias trabalhados. "É muito melhor a pessoa estar trabalhando
do que com a cabeça vazia. Se em todo canto fosse assim, não tinha essas
rebeliões, essas desgraças todas que a gente vê nos presídios", disse.
CDP construído pelos presos
O trabalho é uma constante dentro do CDP de Apodi. Em 2015 foi
inaugurado o novo prédio do CDP que foi construído pelos próprios presos. A
obra custou R$ 150 mil, dos quais R$ 110 mil foram pagos pela Comarca de Apodi
por meio da arrecadação de penas pecuniárias - multas aplicadas nos processos.
O Ministério Público entrou com o projeto arquitetônico e os demais apoiadores
contribuíram com cimento, tubos de aço, tijolos, telhas, equipamentos e uma
cisterna com capacidade para 16 mil litros. A mão-de-obra incluiu dez presos,
que trabalharam como pedreiros e serventes de pedreiro.
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Presos ajudaram a construir o Centro de Detenção de Apodi, no RN (Foto: Felipe Gibson/G1) |