Por João Pedro Pitombo (Do jornal Folha de São Paulo)
Com o governador investigado e o seu principal adversário atrás das
grades, o Rio Grande o Norte vive um cenário de “terra arrasada” para as
eleições de 2018.
Se há três anos Robinson Faria (PSD) e Henrique Eduardo Alves (PMDB)
duelavam em uma das disputas mais acirradas do país, hoje ambos enfrentam
reveses que devem mudar completamente o quadro eleitoral no Estado,
tradicionalmente dominado por quatro clãs: os Alves, os Maia, os Rosado e os
Faria.
Henrique Alves está preso desde o dia 6 de junho em Natal numa situação inusitada à política do RN (Foto: arquivo) |
Eleito em 2014, Robinson Faria vive seu momento mais difícil: foi
denunciado pela Procuradoria Geral da República por suspeita de obstrução de
Justiça no âmbito da Operação Dama de Espadas, que investigou fraudes na
Assembleia Legislativa.
No campo administrativo, enfrenta uma grave crise financeira que
resultou em atrasos no pagamento aos servidores – os salários de setembro
terminarão de ser pagos apenas em novembro. “A questão eleitoral se tornou
acessória diante das adversidades da crise que o governo enfrenta”, diz o
vice-governador Fábio Dantas (PC do B).
Desgastado, o governador terá dificuldades até em formar uma chapa e
pode não disputar a reeleição caso se torne réu no Superior Tribunal de
Justiça. Se esse cenário se concretizar, será a segunda eleição seguida na qual
o governador não vai para a reeleição – em 2014, a governadora Rosalba Ciarlini
(DEM) ficou fora da disputa.
Na oposição, a prisão de Henrique Eduardo Alves em desdobramento da
Operação Lava Jato desestruturou o grupo capitaneado pelo PMDB. O ex-deputado
costumava ser o principal articular político, fazendo o contato com prefeitos e
coordenando campanhas.
Senadores terão reeleição
difícil
Também investigados na Lava Jato, os senadores Garibaldi Alves (PMDB) e
Agripino Maia (DEM) terão uma eleição difícil para renovar seus mandatos no
próximo ano.
O nome natural do grupo para ao governo é o do prefeito de Natal, Carlos
Eduardo Alves (PDT), primo de Henrique Alves e Garibaldi Alves. Mas o sobrenome
que costumava ser um trunfo é encarado como a principal dificuldade do
prefeito, que tem trajetória política própria e chegou a ser adversário dos
primos em outras eleições.
Diante do desgaste dos sobrenomes tradicionais, nomes de fora dos grupos
familiares têm sido cogitados para a disputa de 2018. Dono da rede de lojas
Riachuelo, o empresário Flávio Rocha aparece como principal opção, assim como
do dono da distribuidora de combustíveis Ale, Marcelo Alecrim.
“São dois nomes que pacificariam a nossa base. São empresários
bem-sucedidos, mas que sempre tiveram bom trânsito na política”, afirma
Agripino Maia.
Outro cotado ao governo é o ex-presidente do Tribunal de Justiça do
Estado, desembargador Cláudio Santos, que deve se aposentar no início do
próximo ano.
Nos últimos meses, ele intensificou críticas ao governo de Robinson
Faria e tem participado de solenidades e eventos por todo o Estado. Procurado
pela Folha,
classificou como “especulação” a hipótese de candidatura.
Terceira via
Entre os dois principais grupos políticos do Estado, a senadora petista
Fátima Bezerra aparece como uma terceira via na disputa pelo governo. Ligada à
educação e com forte inserção no interior do Estado, é uma das principais
apostas do PT para ampliar sua presença no Nordeste.
Para garantir um palanque forte, o partido conta com a presença do
ex-presidente Lula como candidato a presidente ou como cabo eleitoral. E tem
buscado potenciais aliados para compor a chapa uma chapa competitiva. Uma
das prováveis candidatas ao Senado na chapa deve vir de uma das famílias mais
tradicionais do RN: a deputada federal Zenaide Maia (PR).
Caso confirme sua candidatura, ela deverá enfrentar o primo Agripino
Maia nas urnas.
Para o cargo de vice-governador, o PT busca o nome de um empresário. A
ideia é reeditar uma chapa nos moldes da formada por Lula e José Alencar em
2002 e 2006.
Acompanhe o Blog ApoDiário pelo Twitter clicando AQUI.
Um comentário:
O texto deveria ser: terra de sorte, pois estão descobrindo as mazelas, e está em curso uma investigação com provável punição para aqueles que arrasaram por décadas, essa terra tão sofrida.
Postar um comentário