Ficamos nós aqui
acompanhando atentamente as articulações dos partidos, as rasteiras e as
disputas entre seus caciques e os outsiders que aparecem por aí para ver quem
vai ser candidato a presidente em 2018. Por mais que esse pessoal tenha nas
mãos os recursos e as regras da campanha, quem vai decidir anda muito longe
dessas elucubrações.
Quem? Por
exemplo, os 26,8 milhões de brasileiros que, segundo revelou agora pela manhã o
IBGE, estão sem emprego ou trabalhando menos do que gostariam ou poderiam – em
outras palavras, subempregados. Esse número cresceu tanto em relação ao segundo
trimestre do ano quanto em relação ao terceiro trimestre do ano passado.
É evidente que
essas pessoas não estão felizes da vida, nem sequer satisfeitas. Com mais motivo
ainda quando acompanham, pelo noticiário, as denúncias de corrupção e as
manobras bem sucedidas dos políticos para driblar a cadeia e outras punições.
Hoje mesmo, têm um encontro marcado, provavelmente no noticiário da noite, com
a libertação do deputado Jorge Picciani e mais dois peemedebistas do Rio.
O fato de a
maioria – sim, maioria, já que esses 26,8 milhões têm família – não bater
panelas e nem ir para a rua vem dando ao establishment político e econômico a
falsa impressão de que está tudo bem. Não está. Na hora de teclar o voto na
urna isso vai ficar claro.
O candidato que
não conversar com esses 26,8 milhões, seus parentes e amigos, falar a sua
linguagem e lhes passar um mínimo de esperança de que a vida vai melhorar, não
vai dar nem para a saída.
E ainda tem gente
que se espanta com a polarização entre Lula – o único que, com todos os
problemas, conversa olho no olho com essa maioria – e Jair Bolsonaro, o doido
que está conseguindo encarnar o anti-Lula e, sobretudo, captar e refletir um
sentimento de indignação, seja lá contra o que for.
Helena Chagas – Blog Os Divergentes
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