Por Marcos Pinto
Nunca, durante todo esse vasto período de gestão
administrativa e política brasileira (1500-2017) se adotou tanto, e com tamanha
desenvoltura, a desfaçatez, a hipocrisia e a mentira em todas as
suas nuances. O atual governo golpista tem sido pródigo em usar e abusar
da doentia e inexplicável indiferença popular diante os seus achaques e
assassinatos às árduas conquistas sociais da classe trabalhadora amealhadas ao
longo desses últimos 30 anos.
Do Brasil do Mutuca ao Brasil do Fofoca (Deputado Federal
André Fufuca – PP-MA) deitam e rolam em escaramuças de corrupção intensa e
extensiva. A imprensa, que deveria exercer um imprescindível e relevante
papel de fiscalização das engrenagens da administração pública, envereda pelos
escabrosos e detestáveis caminhos da mentira estatizada e estatística, que
resvala para a mentira comum, que por sua vez assume contornos de veracidade
diante intensa e perene veiculação. Termina por desabar na ribanceira da
mentira cínica e deslavada.
O banditismo político medra e faz morada no
Congresso Nacional, jactando-se como inexpugnável pelos seus aportes
financeiros, presentes e representados em seus vultosos salários
parlamentares. Espraia seus contaminados raios de ação até os subterrâneos da
mais alta Corte do país (STF). Entes siameses que caminham
zombeteiramente no meio da sociedade ostentando sinais exteriores de riqueza,
amealhada em seus salários faraônicos, oriundos de atos ilícitos
praticados às escâncaras.
Há um conúbio espartano consubstanciado em pacto da
mediocridade, que consiste na indiferença ou simulação de fiscalização dos
órgãos oficiais instituídos para esse fim. Nada de punição com veemência
e denodo à consumada prática da ilicitude.
Vulgariza-se a honestidade, quando deveriam cultuá-lo
como elemento norteador de uma sociedade de pensamento plural, em prol do bem
da coletividade. Se nos impõe que cultuemos a honestidade de
forma incessante, emoldurando-a numa liturgia de missal beneditino. O grande
filósofo romano Marco Túlio Cícero (106-43 d.C.). Já advertia o mundo com
a sua minuciosa e relevante observação de que “o hábito de tudo tolerar pode
ser a causa de muitos erros e de muitos perigos”.
Estamos exatamente imersos na contextual idade desse
paradigma. O erudito jornalista Carlos Santos insiste,
todos os dias, no alerta para a necessidade de adoção de
estratégias para o enfrentamento a essa espécie de choque de realidade. O
próprio Judiciário, que deveria ser exemplo para a nação ansiosa em ver
cumpridas as normas legais, engendra vultosas dotações orçamentárias nos
subterrâneos do Palácio do Planalto, sob a promessa de adoção de artimanhas e
chicanas jurisprudenciais para o acobertamento de eventuais surgimentos de
falcatruas do poder central.
O Tribunal de Contas dos estados tem seus julgadores de
faz-de-conta arrotando de fartos, acobertados pela vitaliciedade no cargo e do
alto de suas remunerações mensais recebidas sob o invejável montante de 96 mil
reais.
Achincalham a legislação penal, favorecendo os mais
espertos e inescrupulosos, numa punibilidade de faz-de-conta. Começa na
suspeitosa e já famosa delação premiada, sequenciada por acordos de leniência e
de resiliência. Referenciais “punitivos” em lematizados pelos
poderes constituídos, como forma de ocultar de forma deliberada e
legalizada o libelo imerso no pantanoso terreno da corrupção.
E o Tribunal de Contas da União (TCU) por sua suspeita
composição, já se manifestou pela adoção de um acordo de resiliência a ser
firmado pelo TCU e pelas empreiteiras recordistas em corrupção com verbas do
erário nacional (Odebrecht, OAS, etc.), sob a infundada alegava de que as
grandes obras estruturantes em andamento, bancadas pelo governo federal, não
podem emperrar por decisões judiciais punitivas. Até apregoa, também, um
acordo de leniência, aplicando aparentes sanções punitivas com lentidão e
suavidade, fomentando assim o famélico sequenciamento ao butim estatal.
Urge que se estabeleça um freio de arrumação diante tantos escapismos e
nebulosidades presentes nessa benditíssima horda política.
Começam a surgir visíveis sinais de manifestações da
revolta popular no horizonte social. Trazem inconfundível
performance de bola de neve, que culminará em um ruidoso arrastão nas urnas do
pleito de 2018, alijando toda a corja-meliante que comanda os destinos do país
e dos estados, por seus representantes no Congresso Nacional.
É possível, necessário e urgente que rasguemos esse véu
de injustificada indiferença ao que está ocorrendo no país. Não
resta dúvida de que se encontra configurado banditismo político, desenfreado na
defesa corporativista.
Das elites dominantes estamos firmes e decididos a
promovermos esse indispensável arrastão nas urnas do próximo ano, eliminando o
mal pela raiz. Chega de mau charadismo da corja política! Que venha
o ano eleitoral de 2018 para darmos a nossa resposta.
Inté.
Marcos Pinto é advogado e
escritor
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