Reprodução de vídeo que mostra o prefeito de Cuiabá,
Emanuel Pinheiro (PMDB) guardando maços de dinheiro no paletó
Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
O ministro Luiz
Fux avisou: uma delação "monstruosa" estava prestes a vir à tona. O
monstro deixou o fundo do lago na sexta-feira. Tem quatro volumes, 15 apensos e
alguns gigabytes de vídeos com cenas de corrupção explícita.
As imagens foram
gravadas na sede do governo de Mato Grosso. Os personagens mudam, mas a ação é
sempre a mesma: políticos recebendo propina em dinheiro vivo.
Um deputado
armazena as cédulas numa caixa de papelão. Outro usa uma mochila. O atual prefeito
de Cuiabá, o peemedebista Emanuel Pinheiro, prefere encher os bolsos do paletó.
É tanta grana que um maço de notas chega a cair no chão.
O principal
delator do esquema é o ex-governador Silval Barbosa, também do PMDB. Ele contou
que deputados, prefeitos e conselheiros do Tribunal de Contas recebiam um
mensalinho para não atrapalhar a roubalheira no Estado.
A Procuradoria
afirma que a organização criminosa era chefiada por Blairo Maggi, ex-governador
de Mato Grosso e atual ministro da Agricultura. Ele já havia aparecido na
delação da Odebrecht, acusado de receber R$ 12 milhões. Seu apelido nas
planilhas da empreiteira não está entre os mais criativos: "Caldo".
O mensalinho
pantaneiro também foi delatado pelo ex-deputado José Riva, conhecido pelo
título de "maior ficha-suja do Brasil". Alvo de dezenas de processos,
ele já foi preso três vezes. Em abril, voltou às ruas graças a um habeas corpus
concedido por Gilmar Mendes, seu conterrâneo.
Quando a Polícia
Federal começou a cercar a quadrilha mato-grossense, em 2015, o supremo
ministro ligou para Silval. A conversa foi interceptada legalmente e revela um
juiz compreensivo com o investigado.
"Que
absurdo!", "Meu Deus do céu!", exclama Gilmar, ao ser informado
sobre as buscas na casa do então governador. O ministro promete falar com o
colega que relatava o caso no tribunal e se despede com afeto: "Um abraço
aí de solidariedade".
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