Por Erick, O Caçador
A tragédia de policiais sendo assassinados por marginais
assumiu proporções enormes no Brasil inteiro. Policiais morrem violentamente de
serviço ou em horas de folga - morrem por serem policiais, é fato.
Pelo quê morrem os policiais?
A Instituição Policial foi transformada pela propaganda
negativa de viés esquerdista em "lado do mal", faz tempo. De forma
visível, a doutrinação política inoculada aos brasileiros nas escolas,
universidades, meios culturais e em vários outros nichos sociais, mostra a
figura de um bandido "vítima da sociedade" sendo "oprimido"
pelos "ricos", cujo braço armado e cruel é a polícia. O policial é,
então, o vilão da estória: mau, corrupto, violento, asqueroso - enquanto o
ladrão e traficante é "apenas um garoto pobre, tentando sobreviver e ser
feliz". A torcida é pelo criminoso, a expectativa é que a malandragem
vença a justiça: afinal, o bem vence o mal. Entendeu?
A inversão dos valores é absurda, ridícula! Mas está nos
noticiários e telenovelas, no cinema nacional, nas aulas das Universidades
Federais e IFRNs, nos livros do MEC, nas músicas dos bailes funk e nos shows de
reggae, no ideário político de partidos como o PT e PSOL, nas decisões do
Judiciário, nas falas de sabe-se lá quantos que detestam ser parados numa
blitz. A Sociedade Brasileira, generalizando, não valoriza a polícia.
Pelo quê os policiais dão a vida?
Nos grupos ZAP, a foto de mais um policial morto em
confronto com assaltantes viralizou. Mais uma cena de sangue escorrendo pelas
calçadas. Será que vão dizer que a culpa é do próprio combatente tombado? Que
Deus abençoe a memória desse Herói. Mas admito que é necessário perguntar:
"herói para quem" ? Não se é um herói sem que haja reconhecimento
alheio do valor de sua atitude.
Policiais recebem mal, tem alto índice de doenças por
stress, trabalham em péssimas condições, lidam com a desgraça cotidiana. E
morrem como vivem, no descaso e abandono.
É pelo quê, pelo Amor de Deus, que essas pessoas se expõe
ao sacrifício da própria vida? Nem os mais próximos entendem!
Em verdade, não há bons motivos para heroísmos, nem para
orgulho ou vanglórias. Nas verdades do trabalho policial brasileiro, quase tudo
é impotência, vergonha, constrangimento, isolamento. Não se vê luz no fim do
túnel, não há esperanças.
É madrugada chuvosa enquanto escrevo. Meu distintivo e
minha pistola estão na cabeceira da cama. Espero apenas o dia clarear para ir
até a Delegacia, doar mais esse meu dia, pois a noite já se foi, insone,
pensando nessa vida de polícia.
Um desaparecimento investigado pela minha DP pode ter
solução com uma ossada que foi encontrada junto a dois corpos de uma execução
do final de semana; Preciso conversar com um certo informante sobre o paradeiro
de um investigado por roubo; Há várias intimações para entrega urgente; Muitas
pessoas reclamando de uma onda de assaltos em certo setor, é preciso chegar
junto; preciso também lembrar de fazer contato com as vítimas de um certo
assalto, para botar coisas no papel; é bom colocar um casaco hoje, pois
ainda estou resfriado e a previsão é de levar chuva de novo... E a vida vai...
Somos dois policiais no meu Setor de Investigação, para
dar conta de centenas de Inquéritos em andamento. Normal. É preciso prosseguir
- lutando contra o crime, lutando contra a falta de condições de trabalho,
lutando contra as brechas legais que garantem a impunidade dos criminosos,
lutando contra o atraso no pagamento, lutando contra o "Sistema" que,
todos sabem, é sempre errado. Lutando, lutando, lutando...
É outro dia de luto por policiais mortos. E sigo vivendo.
Não sei pelo quê os policiais dão a vida, mas estou
nessa. E hoje vou fazer a manutenção da minha arma rezando, antes de tocar em
qualquer papelada.
Que Deus abençoe a você também!
Erick Guerra, O Caçador
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