Da Agência Estado
O cientista
político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Cláudio Couto considera
que a greve desta sexta-feira teve grande adesão e foi bem-sucedida. Para ele,
o movimento tem potencial de influenciar a votação das reformas encaminhadas
pelo governo ao Congresso, embora seja difícil fazer um prognóstico sobre qual
será esse impacto.
“A paralisação
foi grande, principalmente no transporte público, que causa um efeito em
cadeia, e na área de educação, que tem efeito na percepção das famílias”,
avalia o especialista.
Para o cientista
político, há uma “confusão cognitiva” em análises feitas por autoridades ou
durante a cobertura da imprensa que compara a greve desta sexta-feira com as
manifestações contra o governo realizadas nos últimos anos. Segundo ele,
diferentemente de uma manifestação, não se pode medir a força de uma greve pelo
número de pessoas nas ruas, já que seu objetivo é justamente fazer com que as
pessoas não saiam de casa.
Couto criticou
ainda as declarações dadas pelo prefeito de São Paulo, João Doria, que, em
entrevista à rádio Jovem Pan, chamou os grevistas de preguiçosos e vagabundos.
O professor da FGV diz não ser contra as reformas - alvo da greve de hoje -,
mas classificou como “asneira” a declaração do prefeito.
“Chamar grevista
de vagabundo é não reconhecer a greve como instrumento usado pelos
trabalhadores para pressionar quem toma decisões contra eles. Fazer essa
comparação é o mesmo que dizer que quem está hospitalizado não quer sair da
cama. É uma tentativa de desqualificar a luta política.”
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