domingo, 12 de junho de 2016

Subsídios para a história do município de Felipe Guerra

Por Marcos Pinto

O processo de colonização e povoamento das terras que compreendem o atual município de Felipe Guerra foi efetivado de forma lenta e gradual, tendo o rio Apodi como fator de atração e fixação do povoador inicial - o conhecido fenômeno denominado HIDROTROPISMO. O sítio "Passagem funda" teve no paraibano DOMINGOS ALVES FERREIRA CAVALCANTI o seu primeiro povoador, tendo chegado por volta do ano de 1780, através de convite que lhe fora feito pelo seu primo Capitão LEANDRO BEZERRA CAVALCANTI, pernambucano do Cabo, fundador de Caraúbas-RN, onde era possuidor da fazenda "Cachoeira". Leandro era casado com Brites Lins de Vasconcelos, falecida a 18.12.1791, filha do Tenente-General Francisco de Souza Falcão, pernambucano do ramo familiar MARINHO FALCÃO. Dois irmãos de Domingos participaram ativamente da Revolução de 1817 no RN - Os Srs. Capitão Antonio Alves Ferreira Cavalcanti, comandante do Regimento de Cavalaria da Vila de Portalegre-RN, e Manuel Januário Bezerra Cavalcanti, que foram presos e depois anistiados em 1821.

Estes intrépidos revolucionários tinham contato direto com os também revolucionários do Apodi Capitães Manoel Freire da Silveira, José Francisco Ferreira Pinto e José Ferreira da Mota. A famosa "DATA DO BOQUEIRÃO" foi o centro irradiador de todo o processo de povoamento da "Várzea do Apodi", começando do sítio "Passagem Funda", indo até as ilhargas das Datas de Sesmaria "Santa Rosa" e "Santa Cruz". Todos os que trazem o sobrenome familiar CAVALCANTI em Felipe Guerra e Apodi descendem do patriarca DOMINGOS ALVES FERREIRA CAVALCANTI, que faleceu no seu sítio "Passagem Funda" em 20 de Outubro de 1830. Reza a tradição oral que a Capela deste sítio foi edificada no ano de 1800, com recursos econômicos de Domingos, que tinha também outro irmão com expressiva atuação em Assu-RN o Capitão JOSÉ JOAQUIM BEZERRA CAVALCANTI,nascido na Paraíba (Bananeiras) no ano de 1777 e falecido no Assu em 1859, onde recebeu concessão de Data de Sesmaria. Domingos e seus irmãos eram filhos legítimos do Capitão André Cavalcanti de Albuquerque e Rosa Maria de Albuquerque. (FONTE: "Nobiliarquia Pernambucana" - Autor: Borges da Fonseca).

Enfatizando os liames genealógicos, resta comprovado que o renomado e prestigiado Coronel ANTONIO FERREIRA PINTO, do Apodi, era casado (Em 1º núpcias) com uma neta materna deste Capitão José Joaquim, de nome MARIA LUÍZA DE SÃO BRAZ BELTRÃO. Domingos era avô materno deste Coronel Ferreira Pinto. A família CAVALCANTI é a mais famosa e numerosa do Brasil, principalmente no Nordeste, onde foram abastados senhores de engenho e detentores dos melhores cargos das Capitanias, que depois passaram a Províncias. A nobre família CAVALCANTI da cidade do Icó-CE tem origem em dois filhos deste DOMINGOS CAVALCANTI, nascidos no sítio "Passagem Funda": Domingos Alves Ferreira Cavalcanti Jr., nascido em 1810, que veio a casar a 08.03.1834 na Matriz de N. Sra. da Expectação do Icó, dispensado o 4º grau de consanguinidade com a noiva MARIA FELÍCIA DE JESUS MAIA, natural de Tabuleiro do Norte-CE, antiga Tabuleiro de Areia, filha de José Moreira de Souza e de Luzia Francisca Maia. O outro filho foi o Sr. Antonio Alves de Alcântara Landim, nascido no ano de 1814, que casou na Matriz de N. Sra. da Expectação do Icó a 08.07.1834 com LUZIA FRANCISCA MAIA NETA, natural de Russas-CE, filha de José Moreira de Souza e de Luzia Fca. Maia.

Como vê-se, casaram-se dois irmãos com duas irmãs. BREJO DO APODI. Nasceu como extensão do feudo territorial da família OLIVEIRA e MARINHO, por seu patriarca o Tenente MANOEL JOÃO DE OLIVEIRA, natural do Assu-RN, filho do Capitão Manoel da Costa Travassos e Leandra Martins de Macedo (Por sua vez filha do Capitão João Marinho de Carvalho e Ana Martins de Macedo). Manoel João fixou residência na "Data do Boqueirão" após casar com ANTONIA MARIA DE JESUS, filha do Alferes José Fernandes Pimenta e de Josefa Maria da Conceição. A fertilidade destas terras proporcionaram a criação extensiva do grande rebanho de gado deste patriarca. As sedes dos sítios "Passagem Funda" e "Brejo" situam-se ao longo da estrada que ligava as regiões do médio e alto Oeste potiguar ao efervescente comércio Mossoroense, permitindo o contato diário com as notícias dos grandes centros. Manoel João e Antonia foram pais do F.01 Tenente Francisco Marinho de Oliveira Nasceu no sítio "Boqueirão" a 04.07.1794 e faleceu em seu sítio "Joaseiro", na várzea do Apodi a 04.01.1859, deixando a viúva Josefa Maria da Conceição (Falecida a 08.05.1863) e 16 filhos, os quais casaram e tiveram grandes proles, sendo hoje a família mais numerosa do município do município do Apodi. F.02- JOAQUINA MARIANA DE JESUS - Nasceu no sítio "Boqueirão". Casou com o Capitão Vicente Ferreira Pinto (1º), filho do Capitão Alexandre Pinto Machado (Português) e de Francisca Barbosa de Amorim, tronco da família Pinto, do Apodi. F.03- Tenente-Coronel ANTONIO FRANCISCO DE OLIVEIRA nasceu no sítio "Brejo do Apodi" a 10.12.1784 e faleceu em Caraúbas-RN a 19.03.1871. Casou em primeira núpcias com MAFALDA GOMES DE FREITAS, falecida em 1843. Foram pais de: N.01- MARIA MAFALDA DE OLIVEIRA - Nasceu a 05.01.1823. Casou com o Conselheiro Luís Gonzaga de Brito Guerra a 29.09.1842, e foram pais de Felipe Guerra (26.05.1867/ 04.05.1951).

Enviuvando em 1843, o rico viúvo Antonio Francisco de Oliveira arranjou uma noiva também rica, de nome QUITÉRIA FERREIRA DE SÃO LUÍS (1827-1897) nascida e criada na fazenda "Porteiras", município do Aracati-CE. Jovem e formosa aos 17 anos incompletos, era 41 anos mais nova que o noivo, fato que não constituiu nenhum obstáculo impedidor do consórcio matrimonial. Uma imposição por parte da noiva, entretanto surgiu, deixando os emissários casamenteiros em suspense: A noiva impôs uma condição única: queria, de antemão, conhece o noivo pessoalmente ou através de fotografia. O noivo, já idoso e casmurro, a tanto não quís se aventurar, e de Caraúbas mandou a resposta: - "Diga que lá não irei. Não sou chita para andar à mostra.". A moça capitulou. Retirou a exigência e o casamento foi realizado entre festas no Aracati-CE, a 30.11.1848, ocasião em que Antonio Francisco conheceu o cunhado e futuro genro TIBÚRCIO VALERIANO GURGEL DO AMARAL, nascido na fazenda "Porteiras" a 14.04.18 43. Tibúrcio casou por volta do ano de 1866 com sua prima legítima CAETANA JESUMIRA DE OLIVEIRA, nascida no ano de 1851,e falecida em 1940, filha de Antonio Francisco e de sua irmã Quitéria, passando a residir no sítio "Brejo". Tibúrcio e Quitéria eram filhos legítimos de José Gurgel do Amaral Filho e de Maria Joaquina de Moura Ferreira. Tibúrcio faleceu no sítio "Brejo" (complicação cardíaca) a 10.02.1933, aos 89 anos de idade, deixando a viúva e onze filhos.
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