Agnaldo Fernandes - Agricultor Familiar (Formado em Geografia) |
Os problemas sociais no chamado “polígono da seca”
são bastante conhecidos por todos, mas nem todos sabem que não precisava ser
assim. A seca em si, não é o problema.
A seca é um fenômeno natural periódico que pode ser
contornada com o monitoramento do regime de chuvas, implantação de técnicas
próprias para regiões com escassez hídrica ou projetos e outras alternativas
que possibilite o homem do campo conviver com
este fenômeno. Porém, a maioria dos projetos executados para anemizar os
efeitos da estiagem são frequentemente utilizados para encobrir desvios de
verbas em projetos superfaturados ou em troca de favores políticos.
Os “industriais da seca” se utilizam da calamidade para
conseguir mais verbas, incentivos fiscais, concessões de crédito e perdão de
dívidas valendo-se da propaganda de que o povo está morrendo em estado de
miséria. Enquanto isso, o pouco dos recursos que realmente são empregados nos
devidos fins, torna-se inútil quando estes utilizados nas famosas "Frentes
de Trabalho", onde estes são destinados a construções em propriedades
privadas de grandes latifundiários que os usam para fortalecer seu poder ou
então, quando por falta de planejamento adequado, se tornam imensas obras
ineficazes.
O Açude do Cedro, em Quixadá (CE), é frequentemente
utilizado como referência para descrever este tipo de empreendimento da
indústria da seca: com capacidade para aproximadamente 126 milhões de m³, foi
construído em pedra talhada à mão, com esculturas e barras de ferro importadas,
mas que chegou a secar completamente no período de 1930 a 1932, durante um dos
piores períodos de seca enfrentados pela região, ou seja, quando mais se
precisava dele. Mais uma obra faraônica, na longa história de projetos
faraônicos da indústria da seca. É claro que hoje a obra constitui um
patrimônio histórico e cultural importante, mas é como distribuir talheres de
prata para quem não tem o que comer.
E a história se repete em mais um ano de grande seca no
Nordeste. A Transposição do Rio São Francisco é um dos pontos principais da
campanha do governo atual e é uma questão mais que polêmica. De um lado estão
aqueles que defendem que a obra é legítima e poderá acabar com a seca do
nordeste (senão todo, pelo menos grande parte dele). E de outro aqueles que
defendem que a obra é mais um fruto da indústria da seca e que além de não resolver
o problema, ainda pode agravá-lo ao alterar todo regime hídrico da região e pôr
em risco um dos patrimônios naturais mais importantes do Brasil colocando em
risco a sobrevivência do próprio rio.
Particularmente prefiro ficar com a última conclusão,
pois "megas-projetos" nesse Brasil já mais beneficiou a quem
realmente merece tal benefício, isso é uma demonstração de que o discurso
da "Industria da Seca" está fadado, e que este só tem beneficiado a
Classe "politiqueira" desse país.
Assim a situação segue. Perpetuada antes pelo fenômeno
político da chamada “indústria da seca” do que pelo fenômeno natural da “seca”
em si, a tragédia que atinge grande parte da região nordeste brasileira e parte
da região norte de Minas Gerais costuma ser utilizada (e supervalorizada) para
justificar a fome e o subdesenvolvimento econômico e social da região que são,
nada mais, do que o reflexo de uma administração duvidosa
que faz fracassar qualquer tentativa de reverter este quadro com o intuito de
fazer perdurar o modelo de poder vigente.
Texto extraído do Site http://www.infoescola.com
Com adaptações de Agnaldo Fernandes.
3 comentários:
quem menos lucra são os agricutores, só serve para os politicos CORRUPTOS.
Continue com esse discurso e a agricultura familiar de Apodi(assentamentos rurais vivendo do que o governo dá bolsa familia,financiamento do pronaf,cestas basica, ongs só ganhando dinheiro as custas desses dito agricultor familiar e não saem da situação de 10 anos atras, continuando na miseria e agora com feijão de $ 7,00/kg quem vai garantir a sobrevivencia deles, a de voces são eles que estão garantindo e eles?
só serve para os politicos
Postar um comentário