Bruno
Coriolano de Almeida Costa
É cada vez mais notória a
enorme lista de livros que se tornam populares rapidamente. São verdadeiros
fenômenos literários que caem na graça do povo em questão de semanas, às vezes;
dias. Mas uma questão que levantamos agora é a qualidade desse material. Será
que os leitores estão menos exigentes ou os escritores que perderam a
qualidade? Será que o mundo hodierno, estigmatizado pelo consumismo e
imediatismo fez com que os leitores se tornassem meros consumidores das letras?
Nesse contexto, temos uma dúvida cruel para quem deseja se tornar um escritor:
escrever obras de qualidade e bem elaboradas ou escrever o que o povão gosta de
ler?
É certo que não podemos
responder com total convicção as indagações feitas no paragrafo anterior, mas
podemos levantar algumas hipóteses na tentativa de tentar entender o gosto do
leitor dito contemporâneo.
Não é de hoje que os temas
como mortos-vivos, zumbis ou vampiros protagonizam os enredos das obras tidas
como literárias. Escritores consagrados já faziam uso dessa fórmula e a
impressão que temos é que o público parece demonstrar bastante satisfação com
os livros que abordam romances entre seres desse planeta e vampiros, só para
citar um exemplo.
Muitos críticos literários
não parecem demonstrar muita afeição para com os novos nomes que vêm surgindo
na literatura mundial. Essa nova leva de escritores são verdadeiros vendedores
de histórias (mega) extraordinárias, que na maioria das vezes, apenas
reescrevem o que muitos gigantes das letras como Edgar Allan Poe, Bram Stoker (Drácula) ou até mesmo Robert Louis Stevenson (mesmo esse
nunca tendo deixando claro que seu personagem se transformava em alguma
criatura fantasmagórica em o médico e o monstro) já fizeram.
Temos a tendência
fatalista de bombardearmos gente como Paulo Coelho por escrever sobre o óbvio,
uma literatura considerada por muito como “descartável”. Mas qual literatura
não seria descartável, já que ao termino da leitura, por muitas vezes, nos
damos por insatisfeitos e discordarmos, em algum momento, do final de um
personagem ou uma ação que teríamos escrito diferente, se tivéssemos a
oportunidade?
Se pegarmos a escritora
Agatha Christie como exemplo, perceberemos que essa inglesa fez uso de
histórias repetidas para conquistar todo o seu merecido sucesso literário.
Christie escrevia enredos bem elaborados com coincidências, pistas falsas e
observações minuciosas sobre as fraquezas humanas, mas mesmo assim foi
bombardeada por autores de ficção por “repetir frequentemente a mesma fórmula”.
Mesmo com a repetição, da já mencionada, mesma fórmula, seu estilo conseguiu
encantar gerações de novos leitores.

A verdade é que a determinação da relevância da obra
literária vem de quem a ler, ou seja, do povo (leitor moderno). Talvez a falta
de um conhecimento mais profundo sobre as obras clássicas; a mídia em torno dos
novos escritores e o desinteresse, total ou parcial, dos leitores, sejam alguns
fatores que contribuem para uma preferência para aquilo que está na moda e não
prima por histórias bem contatas. O que nos resta é respeitar as escolhas e
torcer para que escritores como Júlio Verne, Machado De Assis, Shakespeare,
Mark Twain, Goethe, Virginia Woolf, Graciliano Ramos e outros não sumam quando
o livro de papel passar a ser peça de museu.