Capela de Santo Antonio (Sitio do Góis Apodi) |
Observe-se
que a família NOGUEIRA, que deu início
ao processo de colonização e povoamento
das terras Apodienses, fixou-se em 16 de
Outubro na margem sul da lagoa, no
lugar conhecido como "Lagoa do
Cajueiro", onde hoje situam-se os sítios
"Garapa" e "Vertentes". As
terras da Chapada foram relegadas a
um processo lento e gradual de
povoamento, cujas "Datas de Sesmarias"
foram requeridas por cearenses e
pernambucanos, que mandavam prepostos para
instalarem seus currais de gado. Cito
como exemplo o pernambucano Lourenço
D'Abreu Pereira, cujas terras ainda hoje
são conhecidas como "Data do
Abreu". Já o cearense Manoel Francisco
dos Santos Soledade fixou-se nas conhecidas
"Lages Grandes",onde deu início ao
sítio "Soledade". A observação destes
fatos resulta no estudo das formas de
povoamento. O modo como a população se
arranjou na ocupação do solo, fixando sua
habitação e estabelecendo as bases de sua
economia, é tema que a sociologia da vida
rural tomou à geografia humana. Ainda não
devidamente estudado entre nós Apodienses, o assunto
não é entretanto, destituído de importância, e
este ensaio representa uma tentativa nesse sentido.
Quanto
as terras do "Sítio do Góis"
observa-se o grande hiato para o seu
povoamento, em que do ano de 1680 para
o ano de 1817 transcorreram-se exatos 137
anos para que ditas terras fossem
requeridas por um bisneto paterno da
fundadora Antonia de Freitas Nogueira -
O Tenente JOSÉ DE GÓIS NOGUEIRA, que
ao instalar seu curral de gado vacum
e cavalar, fez casa de taipa e nela
instalou o seu vaqueiro para cuidar
dos rebanhos. Logo, o sertanejo passou a
se referir à estas terras como sendo
"Sítio do Sr. Góis", para logo mais
ficar definitivamente conhecido como sendo o
"Sítio do Góis". Vejamos a
íntegra do requerimento feito por JOSÉ
DE GÓIS NOGUEIRA, solicitando a concessão
de sua Carta de Data de Sesmaria,
cuja concessão foi concedida a 17 de
Outubro de 1817: "Diz JOSÉ DE GÓIS
NOGUEIRA, morador na sua fazenda de São
Lourenço, da Freguesia das Varges do Apody,
Termo da Vila de Portalegre, que para
mais comodidade de criar seus gados vacuns
e cavalares quer haver por Data de
Sesmaria uma légua de terra quadrada
na "Picada do Apodi", aonde há terras
devolutas e desaproveitadas que nunca foram
pedidas as quais pelo nascente contesta
com terras das Datas do Boqueirão e do
Rosário, de Lourenço de Abreu, pelo poente com a
picada do Apody, terras devolutas, pelo Norte
com terras do sítio de Sebastião Machado, e
pelo sul com terras da " Data da
Soledade" na mesma picada do Apody,
fazendo referida légua que pede o Suplicante
pião em umas lages que tem chamadas
"Lages do Remualdo", donde pelo inverno
mina algumas porções d'água que faz
uma espécie de lagoa pequena, e no
caso de não fazer pião nas ditas lages
fiquem estas sempre dentro da dita légua
de terras correndo esta para o
nascente. Varges do apody, 14 de Janeiro de
1817. (FONTE: "Sesmarias do Rio Grande do
Norte - 5º Vol. - págs. 209 a 211 - Coleção
Mossoroense - Volume 1140 - Março de 2000).
JOSÉ
DE GÓIS NOGUEIRA era bisneto paterno
da fundadora Antonia de Freitas Nogueira.
Filho legítimo de Manoel de Carvalho
Nogueira (1733/11 de Junho de 1773 - sítio
Garrafa). Era Tenente da Guarda Nacional. Casou
em primeira núpcias com Joana Gomes da
Silveira, filha do Capitão Domingos da Silveira
e de Francisca de Jesus Maria. Joana era
viúva do Tenente José Freire de Oliveira,
falecido na sua fazenda "São Lourenço"
a 15.06.1798, com quem teve uma prole
de 06 filhos. Joana e José de Góis
foram pais de uma filha de nome JOANA
GOMES DE GÓIS NOGUEIRA, que casou com João
Nogueira da Silveira. JOSÉ DE GÓIS casou em
segunda núpcias (Já viúvo) com ANTONIA FRANCISCA
DA CONCEIÇÃO, filha de Ricarte de Freitas
Costa e Felizarda Maria de Freitas. Dona
Antonia Francisca faleceu em seu sítio "São Lourenço"
a 08.06.1891 aos 77 anos de idade, já
casada em segunda núpcias com Raimundo
Gomes de Oliveira, irmão do Padre Florêncio
Gomes de Oliveira. José de Góis e Antonia
Francisca foram pais de:
F.01-
Norberto de Góis Nogueira.
F.02-
José Ricarte de Freitas.
F.03-
Maria Nogueira de Freitas - Casada com José
Carapinima Gomes Caneca.
F.04-
Tertuliano de Góis Nogueira:
-
Tenente da Guarda Nacional. Casou com Maria
Eliza Cavalcanti de Albuquerque, filha do
Tenente-Coronel Elias Antonio Cavalcanti de
Albuquerque, que foi Deputado Provincial
representando o Apodi.
-
Tertuliano faleceu no sítio "São
Lourencinho" às 04 horas do dia
17.03.1916, aos 86 anos de idade, deixando 12
filhos, com vasta descendência na várzea do
Apodi e de Felipe Guerra.
Na
história do "Sítio do Góis"
destaca-se,ainda, a matriarca JOSEPHA MARIA DA
CONCEIÇÃO, que faleceu a 20 de Dezembro de
1914 aos 54 anos de idade, viúva que
era do Sr. JOSÉ GOMES TAVARES, filho de
Clementino Gomes Tavares e de Maria
Gomes Torres. José e Josepha deixaram
uma prole de 10 filhos. Outra
família tradicional que povoou o Sítio do
Góis foi a família do patriarca
Ananias Evangelista de Medeiros, casado com
Gertrudes Maria da Conceição, natural de
Riacho dos Porcos-PB, falecida no sítio do Góis,
onde residia, a 19.10.1915, aos 65 anos de
idade (Já viúva), deixando os filhos:
F.01-
João Raimundo da Silva - Casado com Joana Maria
da Conceição.
F.02-
Isabel Maria da Conceição - Casada com Raimundo
de tal. Foram pais de:
N.01
a 06 - Raimundo ,Cristalino, Thomázia ,Antonio, Maria, Artur (Pai
de João e de Chico de Artur).
As
terras que compreendem a área territorial
de Apodi ainda são de posse e
domínio de 90% dos descendentes de Antonia
de Freitas Nogueira e de Manoel
Nogueira.
Marcos Pinto – Historiador e
Presidente da Academia Apodiense de Letras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário