Em todos estes
embates, resta configurado que a nação
indígena fugia aos rigores do baraço,
escondendo-se nas brenhas e nos socavões
inacessíveis da serra. Sobrevivia ou sucumbia
atropelado pelas perseguições, ou castigado pelas
enfermidades. Restava a notícia, a informação
a correr de grupo em grupo, a denunciar
o flagelo branco. Morrer, então, debaixo do cutelo
escravizante ou morrer premido pelo rigor
das matas, nenhuma diferença fazia em termos de
extermínio. Em 1637 tivemos revolta dos
nativos do Ceará, que mantinham estreitos
vínculos de amizade e parentesco com os
tapuias paiacus do Apodi. Revoltaram-se contra os
portugueses e aliaram-se aos invasores
holandeses, entregando-lhes nos pulsos as algemas
da espoliação.
Nos primeiros
momentos do expurgo, favorecidos pelo despreparo
da comunidade indígena, o poderio branco
funcionou como se fosse um rolo
compressor, esmagando e aplainando os espaços
onde deveria se fixar a nossa
civilização. O índio então resistiu. Primeiro, isoladamente,
e depois sob a égide de uma
fortificada aliança com os índios do
Assú e do Ceará, passando a espalhar o
terror, sem reservas de preferências e s em
limitações de ódio.
Em 1686, ou
porque se subestimasse o poderio indígena,
concentrado nas regiões do baixo Jaguaribe, com
reflexo nas ribeiras do Assú e Apodi, ou
porque o receio da invasão à sede da
Capitania riograndense tinha impulsos de
violência,decidiu o Capitão-Mór do Rio
Grande a fazer guerra contra os tapuias
paiacus que habitavam a ribeira do Assú.
No cometimento dessa expressão de força
residiu a explosão do grande conflito.
Partiu o Capitão Soares de Abreu em
busca da região indicada, levando consigo
um contingente de 120 ordenanças e índios
da aldeia do Camarão (Natal). Chega ao
ponto predeterminado. Flanqueia a Ribeira do
Assú, tentando com essa estratégia alcançar
os sucessos imaginados, porém,nada encontra além
da desoladora exposição de terror. Tudo estava
devorado pelo fogo. Somente ossadas humanas tinha
subsistido à fúria selvagem. SOARES mandou
dar sepultura às ossadas e prosseguiu
em busca do Apodi, onde a fortaleza
selvagem tinha instaladas suas bases
hostís. Em Apodi travou-se fragorosa luta
durante a qual se escoou um período
de quatro meses, apresentando contra
os nativos apenas baixas que não
correspondiam as ataques.
SOARES DE
ABREU é substituído por Manuel da
Silva Vieira, e a situação se modifica em favor
do gentio indígena, que após infligir-lhe
fragorosa derrota, obrigou-o a refugiar-se nos
esteios da Casa Forte. (FONTE: "A
GUERRA NOS PALMARES" - Ernesto Enes -
Coleção Brasiliana).
Do ApoDiario: Amigo Marcos Pinto envie seus artigos também para opirataapodi@gamial.com, pois as vezes não consigo abri o hotmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário